quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A insegurança pública e os abusos às mulheres: do metrô à Marcha das vadias

As mulheres que já pegaram metrô em horário de pico sabem o quanto é ruim. Como se já não bastasse esse estresse diário, nós mulheres ainda temos que ficar espertas com homens que se aproveitam dessa situação para abusar de nós e de nossa imobilidade diante da quantidade de pessoas. Depois de tanto tempo de luta para igualar os gêneros, se presenciam casos assim.

No dia 14 de outubro de 2011, uma estudante sofreu o abuso entre a estação República e a estação Belém da linha vermelha de metrô. O suspeito teria colocado o seu órgão genital para fora da calça e passou a se esfregar na vítima, que dentro de um trem lotado não conseguiu se livrar da situação e acabou passando mal. O suspeito foi preso, mas já está solto após pagamento de fiança. E casos como esse vem se tornando comuns: Desde janeiro deste ano, a Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) registrou 53 agressões sexuais contra mulheres no metrô, sendo três destas consideradas "importunações graves".

E tanto risco acaba fazendo com que deixemos de usar roupas que gostamos para usar roupas comportadas e “seguras”. Durante uma palestra no campus da Universidade de Toronto, no Canadá, um policial argumentou que as estudantes deveriam evitar se vestirem como “vagabundas” para não se tornarem alvos fáceis de estupros. Diante de tal fato, as estudantes decidiram protestar e surgiu então a “Slut Wlak”, ou a “Marcha das Vadias”. Com início em maio deste ano a proposta espalhou-se e já atingiu diversos países no mundo todo, como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Holanda e Nova Zelândia. Aqui no Brasil, ocorreu nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Os protestos trazem uma questão importante: é muito mais fácil falar para as mulheres se vestirem adequadamente do que dar à sociedade como um todo noções de respeito e educação.

A Constituição da República Federativa do Brasil assegura a igualdade entre gêneros em seu artigo 5º, inciso I: “Homens e Mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta constituição”. E quando esse direito é infligido, o exercício da cidadania torna-se importantíssimo, já que, como diria Marilena Chauí, cria espaços sociais de lutas e instituições permanentes para a expressão política. O mesmo artigo citado anteriormente garante o exercício da cidadania, o que justifica as passeatas, no inciso IV lê-se: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; seguido do XVI inciso: "Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.”

Não podemos aceitar que casos assim continuem ocorrendo e que as autoridades não se posicionem a respeito. Só conhecendo nossos direitos e tirando a cidadania do papel conseguiremos chamar a atenção daqueles que colocamos no poder para de fato pensarem políticas públicas que estabeleçam uma sociedade igualitária que respeita nossa constituição e o direito humano de igualdade.

Laís Vendrami Gonçalves Fernandes Nº.USP: 7554672

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